Parcerias com China e Índia: inovação em saúde no Brasil
País tem uma oportunidade ímpar de estabelecer colaborações que podem transformar o setor de saúde
A modernização do sistema de saúde brasileiro passa, inevitavelmente, pela inovação tecnológica e pela expansão da capacidade de produção nacional de medicamentos e insumos estratégicos. Neste cenário, China e Índia despontam como parceiros estratégicos fundamentais para impulsionar avanços em biotecnologia, inteligência artificial na saúde, produção farmacêutica e inovação hospitalar. O Brasil, ao integrar o BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), tem uma oportunidade ímpar de estabelecer colaborações que podem transformar o setor de saúde pública e privada, reduzindo custos, ampliando o acesso e promovendo a transferência de tecnologia.
A China e a Índia são líderes globais na indústria farmacêutica, com destaque para o desenvolvimento de biofármacos, anticorpos monoclonais e terapias celulares avançadas. Empresas como WuXi Biologics, Sinopharm, BeiGene e CanSino Biologics possuem expertise que pode ser incorporada pelo Brasil através de parcerias estratégicas. Modelos de transferência de tecnologia e cooperação científica permitiriam a instalação de centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no país, capacitando cientistas e médicos brasileiros, além de viabilizar a produção nacional de biossimilares e medicamentos de alto custo.
No caso da Índia, a liderança na produção de genéricos e biossimilares e sua grande capacidade na fabricação de insumos farmacêuticos ativos (IFAs) oferece ao Brasil a possibilidade de reduzir sua dependência de importações da Europa e dos Estados Unidos. Empresas como Sun Pharma, Dr. Reddy’s, Biocon e Cipla poderiam estabelecer unidades de produção local em modelos de parcerias público-privadas (PPPs), garantindo maior segurança sanitária e autonomia farmacêutica para o Sistema Único de Saúde (SUS).
IA e computação quântica vão puxar inovação na nuvem nos próximos meses
O ano de 2024 foi marcado pela aceleração da nuvem em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde o ambiente cloud tem sido adotado pelas empresas por conta da sua escalabilidade, diminuição de custos, e flexibilidade. Sem a complexidade da infraestrutura física, a cloud acelera a inovação e o desenvolvimento do negócio.
De acordo com o Gartner, até 2028 mais de 95% das novas iniciativas digitais serão baseadas em plataformas nativas da nuvem, e essa demanda vai fazer com que a nuvem incorpore ainda mais recursos tecnológicos, como a IA e a computação quântica, e também amadureça algumas abordagens que não são exatamente novidade, como os ambientes multicloud e híbridos. Neste sentido, separamos as principais tendências que devem nortear o desenvolvimento cloud neste ano.
A IA está no centro da transformação da nuvem
A inteligência artificial transformou vários setores, e a computação em nuvem não é exceção. Neste ano, a IA não será apenas mais um serviço em execução na nuvem, será a força inteligente otimizando as operações cloud.
Esse avanço permite que o ambiente cloud tenha recursos de automação avançada, possibilitando a alocação de recursos em tempo real, e o dimensionamento automatizado, o que deve levar as empresas a gerenciar custos e desempenho de forma mais eficiente.
Estratégias híbridas e multicloud seguem em expansão
A adoção de estratégias de nuvem híbrida e multicloud devem seguir crescendo em 2025, pois fornecem uma abordagem mais flexível e com mais segurança.
A nuvem híbrida permite que as organizações movam dados e aplicativos entre ambientes diferentes sem interrupções, proporcionando uma escalabilidade que é difícil de alcançar com infraestruturas tradicionais.
Já a multicloud, que envolve o uso de diferentes provedores de serviços de nuvem ao mesmo tempo, possibilita a otimização do desempenho e da disponibilidade do ambiente. A flexibilidade para escolher as melhores soluções de cada fornecedor e a possibilidade de evitar a dependência de um único provedor são os pontos-chave para a adoção de ambientes multicloud.
Além disso, a multicloud facilita a implementação de práticas de continuidade de negócios e recuperação de desastres, tornando-se essencial para empresas que buscam resiliência e agilidade em um cenário tecnológico em rápida evolução.
O Brasil Está Pronto Para Enterrar a Inovação em IA?
Na última semana, estive em um encontro que deveria ser notícia de capa. Um grupo seleto de mulheres – advogadas, empreendedoras e executivas das maiores empresas de tecnologia do mundo – se reuniu para discutir um tema que deveria estar na mesa de todos os grandes líderes do país: a regulamentação da inteligência artificial no Brasil. Estamos falando da PL 2338/2023, um projeto que pode ser o divisor de águas entre um futuro próspero e inovador ou um Brasil amarrado ao passado.
A idealizadora desse grupo, Adriana Rollo, sócia do escritório Bronstein, Zilberberg, Chueiri & Potenza Advogados, teve a visão de criar essa frente para influenciar os verdadeiros tomadores de decisão: aqueles que têm o poder da caneta na mão. Ela percebeu o risco iminente de um Marco Regulatório que, em vez de impulsionar a inovação, pode sufocar startups, desmotivar investimentos e tornar o Brasil um deserto tecnológico em IA. E essa preocupação não é paranoia – já vimos isso acontecer antes em setores estratégicos.
Nosso encontro não foi sobre achismos, mas sobre impacto real. E já temos provas concretas de que uma regulamentação bem estruturada pode mudar o jogo. Dois exemplos emblemáticos:
Exército Brasileiro revoluciona inovação militar com nova estratégia tecnológica; Brasil investindo em tecnologia
Exército Brasileiro acelera inovação com nova estratégia de encomendas em tecnologia
O Exército Brasileiro está pisando no acelerador da inovação em tecnologia! No dia 20 de fevereiro, o Estado-Maior do Exército, por meio do Escritório de Projetos do Exército, promoveu uma capacitação inédita sobre Encomendas Tecnológicas. A capacitação reuniu especialistas e representantes de diversos órgãos da Força. A iniciativa promete desburocratizar o setor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e abrir caminho para projetos tecnológicos de ponta no país.
Menos burocracia, mais inovação
As Encomendas Tecnológicas são um modelo revolucionário de contratação. Essas diretrizes permitem que o Exército busque soluções em tecnologia para desafios técnicos complexos sem ficar preso às amarras burocráticas dos processos tradicionais. Diferente das aquisições convencionais, esse formato oferece mais flexibilidade e agilidade, permitindo ajustes ao longo do desenvolvimento do projeto.
Isso significa que o Exército poderá investir em projetos de alto risco em tecnologia, onde os resultados ainda são incertos. No entanto, as possibilidades de avanços disruptivos são enormes. Essa estratégia já é amplamente utilizada por potências militares como Estados Unidos e Israel, que apostam na inovação para manter sua supremacia no campo de batalha.
O evento contou com a presença de nomes de peso no cenário nacional, como Bruno Portela, coordenador do laboratório de inovação da AGU. Além disso, também estiveram presentes Adalberto Maciel, do INPI e André Rauen, da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Foram debatidos aspectos cruciais, como a gestão da propriedade intelectual, um tema sensível no Brasil. A preocupação é garantir que as inovações desenvolvidas com investimento público permaneçam sob controle nacional e não sejam apropriadas por empresas estrangeiras.
SP, SC e PR lideram ranking do INPI de estados mais inovadores do país
Estudo do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) apresentado nesta semana aponta São Paulo, Santa Catarina e Paraná como os estados líderes em inovação no país. O Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento (IBID) mostra uma mudança significativa no panorama nacional em comparação com o estudo anterior, realizado em 2014.
Há uma década, Rio de Janeiro era o vice-líder e agora aparece na 4a. posição. Rio Grande do Sul e Minas Gerais perderam uma posição e agora estão, respectivamente, em 5o. e 6o. lugares. Foram ultrapassados por um acelerado Paraná, que aumentou sua pontuação de 0,358 (2014) para 0,406 (2025), muito próximo da vice-líder Santa Catarina, que evoluiu de 0,390 (2014) para 0,415 (2025).
O que acontece nessas regiões?
Quem conhece a dinâmica de ecossistemas e investimentos em inovação no país percebe uma conexão entre a capital financeira do país (São Paulo, que tem mais do que o dobro de pontos do que a 2a. colocada) e a “capital das startups” (Florianópolis), um celeiro de talentos em tecnologia e que vem desenvolvendo, há anos, um programa estadual de Centros de Inovação, ainda que os recursos sejam modestos e que as maiores indústrias do estado não tenham um papel ativo no ecossistema local.
Pesa também o fato de que muitos executivos de SP venham para Florianópolis trabalhar com o pé na areia ou em um café descolado num bairro tranquilo. E muitos deles acabam ficando.