O que são e o que podem fazer os chips cerebrais da empresa de Elon Musk
Elon Musk anunciou hoje o primeiro implante do chip cerebral da Neuralink em um ser humano. O dispositivo tem como objetivo permitir que pessoas com paralisia controlem equipamentos externos com seus pensamentos.
O que são os chips da Neuralink?
Comunicação entre o cérebro e as máquinas. Fundada por Musk e uma equipe de cientistas e engenheiros em 2016, a Neuralink é uma empresa de neurotecnologia dedicada a construir canais de comunicação direta do cérebro com as máquinas.
Musk quer conectar o cérebro com computadores para permitir o download de informações e memórias das profundezas da mente, como no filme de ficção científica “Matrix”, de 1999.
Além de usar a tecnologia para tentar tratar condições como cegueira, paralisia e outras doenças neurológicas, o bilionário expressou ambições de usar um chip para alcançar a telepatia humana. Isso, segundo ele, ajudaria a humanidade a prevalecer em uma guerra contra a inteligência artificial. Musk também disse que quer que a tecnologia forneça às pessoas uma “supervisão”.
Para isso, nos últimos oito anos, a empresa vem desenvolvendo este chip de computador projetado para ser implantado no cérebro e monitorar a atividade de milhares de neurônios, com comunicação direta com computadores por meio do pensamento.
O chip consiste em uma pequena sonda contendo mais de 3.000 eletrodos ligados a fios flexíveis mais finos que um fio de cabelo humano. O implante, chamado “Link”, seria colocado dentro do cérebro humano por meio de uma cirurgia invasiva.
Os primeiros testes foram realizados em macacos e porcos. Musk apresentou a tecnologia Neuralink em 2019, mostrando um porco com um chip implantado no cérebro e um vídeo de um macaco jogando pong com a mente.
Porém, o potencial das ICCs (Interface Cérebro-Computador) vai muito além de animais jogando. Considerando o uso clínico desse tipo de chip, a tecnologia foi projetada para registrar sinais elétricos de neurônios no córtex motor e, em seguida, enviar os sinais para um computador onde são exibidos como texto.
Uso clínico e autorização para testes em humanos
Normalmente, o córtex motor não está envolvido no pensamento. Em vez disso, o local é onde as instruções de movimento são enviadas ao corpo, como os movimentos dos músculos da língua e da mandíbula quando se fala.
O que os eletrodos realmente registram é um plano motor —mais precisamente, o resultado de todo o processamento em diferentes partes do cérebro (sensorial, linguístico, cognitivo) necessário para se mover ou falar.
Portanto, as ICCs não registram realmente os seus pensamentos, mas sim o plano do cérebro de mover um dedo, uma perna ou abrir a boca para fazer um som.
No entanto, em maio de 2023, a Neuralink anunciou ter recebido a aprovação das autoridades sanitárias dos EUA para testar os chips cerebrais em seres humanos. Agora, principalmente após o teste inédito, caso a Neuralink consiga comprovar que seu dispositivo é seguro em seres humanos, ainda levará anos, potencialmente mais de uma década, para a startup obter a autorização para uso comercial do produto.
Pele, fígado e intestinos artificiais viram alternativa para teste de cosméticos em animais
Visto de cima, o aparelho parece uma fita cassete usada em gravadores antigos. A diferença é que, em vez de dois buracos, pode ter três ou quatro. Cada um deles guarda tecidos humanos reconstruídos –pele, intestino e fígado. Um líquido com nutrientes e oxigênio que circula entre os orifícios simula a corrente sanguínea e faz cada tecido funcionar como miniórgãos ligados entre si.
Testado em outros países por empresas de cosméticos e farmacêuticas para avaliar a toxicidade de seus produtos em desenvolvimento, o dispositivo chamado de human-on-a-chip ou body-on-a-chip (BoC) está ganhando espaço também no Brasil. A técnica de impressão 3D, usada para preparar os tecidos de pele e intestino (o de fígado ainda é produzido manualmente), também tem sido empregada experimentalmente para outras finalidades.
“Aplicamos o ingrediente que queremos testar sobre a pele reconstituída e avaliamos sua toxicidade, simulando o funcionamento do corpo humano”, explica a bióloga Juliana Lago, pesquisadora da área de avaliação pré-clínica da Natura, fabricante de cosméticos que adotou essa tecnologia no primeiro semestre de 2023.
Importado de uma empresa alemã, o BoC se soma a outras técnicas usadas desde 2006 para substituir os testes de segurança e eficácia de produtos de beleza, higiene pessoal e perfumes com cobaias animais, proibidos em março de 2023 pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Além de indicar eventuais danos causados por agentes externos, os tecidos que preenchem as cavidades do chip reproduzem algumas funções dos próprios órgãos.
“O minifígado produz bile [líquido amarelo-esverdeado que facilita a absorção de gorduras e vitaminas] e realiza todos os processos de desintoxicação, enquanto os dois tipos de células do intestino formam uma barreira com epitélio [camada externa] e liberação de muco [líquido gelatinoso branco ou amarelado que facilita a eliminação das fezes]”, descreve a bióloga Ana Carolina Figueira, do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), de Campinas. Ela coordenou o projeto de uso integrado do chip com os outros tecidos, em colaboração com a Natura.
Em 2023, o CNPEM licenciou a tecnologia de produção e os direitos de comercialização dos tecidos de fígado e intestino para a startup 3D Biotechnology Solutions (3DBS), também de Campinas. Em troca, além de pagar royalties, a empresa ajudou a aprimorar o processo de produção dos tecidos de intestino por bioimpressão 3D e repassou o modo de produção das peles humanas.
A PRODUÇÃO DOS TECIDOS ARTIFICIAIS
Na 3DBS, o tecido de intestino é feito a partir de células compradas do Banco de Células do Rio de Janeiro (BCRJ), e a pele é produzida a partir de células humanas isoladas de tecidos resultantes de cirurgias de fimose (retirada do excesso de pele sobre o pênis) em crianças atendidas em um hospital de Santa Bárbara D’Oeste, interior paulista.
“As células descartadas da cirurgia em crianças produzem com rapidez o colágeno do tipo I, uma proteína da qual precisamos, por dar resistência e elasticidade à pele”, explica a bióloga Ana Luiza Millás, diretora de pesquisa da empresa.
Uma solução com diferentes tipos de células é a matéria-prima trabalhada nas chamadas bioimpressoras, que criam estruturas tridimensionais com células vivas, moléculas e materiais biocompatíveis. Nesse caso, em vez do material plástico injetado por uma impressora 3D convencional para criar um objeto, uma seringa despeja uma mistura de células com uma solução de colágeno, por exemplo, sobre uma placa transparente com divisões internas, como as usadas para formar gelo no congelador. Um computador envia à máquina as informações sobre as dimensões e o formato do tecido a ser construído camada a camada.
O tecido de intestino reconstruído forma uma camada circular de 12 milímetros (mm) de diâmetro nos compartimentos da placa, depois mantida em uma incubadora a 37 graus Celsius (ºC) durante 21 dias. Nesse tempo, as células se diferenciam para formar a barreira intestinal, responsável pela absorção de nutrientes e pela produção de muco. Depois de prontos, os tecidos podem ser usados em até uma semana.
Já a solução com células da pele, assim que sai da bioimpressora precisa de 10 dias na incubadora para adquirir sua forma final de disquinhos gelatinosos rosados de cerca de 6 mm de diâmetro. “Nesse tempo as células formam cinco camadas, no modelo experimental dermoepidérmico, chamado de pele humana full. Outro modelo, mais simples, chamado de epiderme humana reconstruída (RHE), possui somente a camada epidérmica e é utilizado para testes de segurança e eficácia de cosméticos”, conta Millás.
Ela pesquisa a reconstrução de tecidos humanos desde 2010, inicialmente com o propósito de criar peles para a medicina regenerativa. Em seu doutorado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com apoio da Fapesp, ela trabalhou com substância extraída da copaíba (Copaifera langsdorffii), uma árvore nativa do país, que, quando incorporada a fibras ultrafinas, pode servir como substituto cutâneo tridimensional.
Os novos rumos da pesquisa levaram aos métodos de produção da pele por bioimpressão, desenvolvidos com especialistas da Universidade de São Paulo (USP) e da Natura e descritos em um artigo publicado em março de 2019 na revista científica International Journal of Advances in Medical Biotechnology.
“Inicialmente produzíamos peles maiores, com o dobro de diâmetro, mas as empresas e os centros de pesquisa preferem tecidos menores, em maior quantidade e com menor custo para os testes de toxicologia”, conta a bióloga Gabriela Gastaldi, pesquisadora da 3DBS.
Os tecidos de fígado ainda são produzidos manualmente com células importadas e do banco do RJ, mergulhadas em uma solução de agarose e depositadas em moldes com 81 orifícios. Após cinco dias na incubadora, as células se aglomeram formando agregados circulares de células, os chamados esferoides, com cerca de 300 micrômetros (µm) de diâmetro, visíveis a olho nu.
Como a venda desses tecidos pela empresa começou em 2022, 80% do faturamento provém das bioimpressoras e equipamentos de eletrofiação, produzidas desde 2018 na oficina da 3DBS em São Paulo.
A 3DBS também distribui no Brasil os chips e as bombas que fazem circular os nutrientes, fabricados desde 2019 pela empresa alemã Tissue- Use, da qual é representante no Brasil.
“Apostamos no crescimento do uso dos tecidos e dos chips em vista da necessidade de padronização dos testes de toxicidade e das outras aplicações possíveis, que começam a ser descortinadas”, observa o administrador de empresas Pedro Massaguer, diretor de estratégia e inovação.
Fonte: https://12ft.io/proxy
Google Maps agora ilustra cardápios de restaurantes automaticamente
O Google Maps agora vai associar fotos de comida com itens do cardápio de restaurantes de forma automática. A ferramenta aproveita o reconhecimento de objetos e a descrição fornecida por usuários para compor o álbum de um restaurante.
A função divulgada pelo 9to5Google aproveita fotos fornecidas pela própria comunidade para ilustrar o cardápio de restaurantes listados no Google Maps. O item também é associado a uma breve descrição (fornecida por usuários ou donos dos estabelecimentos) e preço.
Essa é uma solução interessante para fornecer mais informações sobre restaurantes, bares, cafés e padarias visíveis no Google Maps. Com as fotos vinculadas ao cardápio, o usuário pode escolher melhor o lugar que pretende visitar para fazer uma refeição.
O recurso é útil principalmente em viagens, ou na busca por lugares novos para passear com amigos e familiares.
Segundo a Google, todas as informações são coletadas da comunidade, mas nenhuma delas é verificada pela Google. O público também pode sugerir edições (editar, apontar erros, indisponibilidade ou denunciar conteúdo impróprio).
Distribuição gradativa
Provavelmente, o Google libera a novidade de forma gradativa para todos os usuários do aplicativo. Naturalmente, como todo recurso que depende da participação do público, nem todos os restaurantes devem ter a novidade disponível no aplicativo.
Como usuário, é possível ajudar a colaborar com as informações de um determinado restaurante manualmente. Assim, você facilita a busca de outros usuários.
Japão usa avatares e robôs para enfrentar escassez de mão de obra
O Japão pode ter um déficit de 11 milhões de trabalhadores até 2040 em diversas áreas como transporte, comércio e serviços, segundo dados do Recruit Works Institute (RWI). Impulsionado pelo envelhecimento da população, o país se vê obrigado a inovar em sua abordagem de contratação para solucionar o problema.
Diante desse desafio demográfico e restrição à contratação de trabalhadores estrangeiros, o Japão está introduzindo avatares, robôs e inteligência artificial em diferentes setores da economia.
Desafio torna-se oportunidades de negócios
De acordo com reportagem do jornal britânico Financial Times, a crise abre oportunidades de negócio, como observado por Daniel Blank, CEO da start-up Toggle, que promoveu robôs industriais no Japão para automatizar a montagem de barras de reforço na construção civil, setor afetado pela falta de mão de obra.
A Lotte, fabricante de biscoitos, optou por utilizar trens para realizar suas entregas, contornando a falta de motoristas de caminhão decorrente das novas regulamentações de horas extras.
A Toyota, por sua vez, está substituindo parte de sua equipe por robôs de logística de veículos em suas fábricas, visando aprimorar a eficiência.
No setor agrícola, onde a escassez de mão de obra é especialmente grave, os agricultores estão recorrendo à automação para superar o problema.
Com quase metade dos agricultores japoneses com mais de 75 anos, a adoção de uma força de trabalho robótica tornou-se essencial para garantir a continuidade das operações.
A escassez da força de trabalho no varejo japonês também impulsionou uma inovação: avatares como recepcionistas cumprimentam clientes e oferecem assistência.
Em Tóquio, o avatar é operado à distância por um colaborador da rede varejista Lawsons, como parte de um experimento em colaboração com a Avita, a empresa responsável pela tecnologia.
Inicialmente a medida era uma proteção durante a pandemia, mas agora facilita a participação remota de trabalhadores, para flexibilidade de horários, incluindo turnos noturnos e áreas rurais.
Atualmente, oito unidades da Lawsons adotaram avatares, com planos de expansão para 100.000 em todo o Japão até 2030, segundo o Financial Times.
Essas iniciativas não apenas abordam a escassez iminente de mão de obra, mas também posicionam o Japão como um líder em inovação tecnológica, uma resposta que está sendo observada atentamente por outras nações, como a China, que também enfrenta desafios demográficos semelhantes.
Tecnologia blockchain pode auxiliar cientistas na compreensão da origem da vida
Uma equipe de químicos conseguiu utilizar a tecnologia blockchain, originalmente desenvolvida para o mercado de criptomoedas, em uma rede de computadores que pode auxiliar cientistas de todo o mundo a investigarem a origem da vida na Terra — ou seja, a tecnologia que popularizou o Bitcoin pode ir muito além do setor financeiro. O estudo foi publicado na revista científica Chem.
A blockchain é usada para minerar criptomoedas e funciona como uma tecnologia que pode solucionar problemas matemáticos para ‘liberar’ os tokens digitais. Dessa forma, a equipe utilizou os processos da blockchain para gerar uma grande rede de reações químicas e buscar pelas moléculas prebióticas que originaram a vida há bilhões de anos.
Os cientistas explicam que, como não possuíam nenhum supercomputador para realizar os cálculos desta pergunta, eles utilizaram a plataforma de mineração de criptomoedas Golem.
Após aplicar os dados necessários, o mecanismo computacional resultou em formas primitivas de metabolismo, sugerindo que a vida no planeta surgiu sem a interferência de enzimas ou proteínas que poderiam auxiliar as reações químicas primitivas.
“Ele [Golem] permite que você obtenha poder de computação em troca dessa criptomoeda. Assim, eu poderia alugar o tempo ocioso do seu computador. Estávamos procurando uma maneira de aumentar nossa capacidade computacional, e este é um esquema de computação mundial onde tivemos milhares de pessoas cooperando conosco e nos garantindo o uso de cerca de 20.000 CPUs em todo o mundo”, disse o líder do estudo, Bartosz Grzybowsk, associado do Instituto Coreano de Ciências Básicas e da Academia Polaca de Ciências.
Blockchain e a origem da vida
Antes de começar a usar o Golem para buscar por resultados, os químicos criaram a Rede da Primeira Vida (NOEL) com dados das moléculas que, possivelmente, estavam na Terra há aproximadamente 4 bilhões de anos — nesta lista, estavam inclusos elementos como a água, amônia e metano.
Após analisar 11 bilhões de reações prebióticas, a equipe reduziu o número para 4,9 bilhões de reações gerenciáveis; assim, o resultado de NOEL apresentou algumas centenas de moléculas que poderiam originar a vida.
O estudo aponta que essas centenas de reações são consideradas auto-replicantes; isso significa que as moléculas poderiam produzir cópias de si mesmas. Um dos fenômenos considerados necessários para o surgimento da vida é, justamente, a auto-replicação.
De qualquer forma, isso não significa que os cientistas encontraram a resposta para a origem das plantas, dos animais e da humanidade, mas sim que a blockchain pode auxiliar na busca por uma conclusão mais precisa dessa pergunta primordial.
“Espero que as pessoas da ciência da computação possam descobrir como podemos tokenizar criptomoedas de alguma forma que possa beneficiar a ciência global. Talvez a sociedade pudesse ficar mais feliz com o uso de criptomoedas, se pudéssemos dizer às pessoas que, no processo, poderíamos descobrir novas leis da biologia ou algum novo medicamento contra o câncer”, acrescenta Grzybowski.
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